Coisas estranhas estão acontecendo novamente na Sword`s Coast (Costa da Espada). Em Baldur’s Gate (Portão de Baldur), as ruas estão mais quietas e as noites mais frias do que o normal. Não se vê tantos mercadores como antes e até o porto está esvaziando a cada dia. As pessoas estão se trancando em suas casas, apenas os homens e mulheres do Punho Flamejante perambulam pelas ruas e becos. Segundo a vidente, estamos prestes a entrar numa era de medo e desolação. Fique atento.
Salve os que nos consagram!
Esse artigo é para os DMs que desejam contar suas histórias nos planos inferiores, mestrar a nova aventura oficial de D&D 5e ou simplesmente inserir um diabo ou dois na sua própria aventura.
Na aventura Descent Into Avernus, a chance de nos depararmos com diabos e demônios é de quase 100% e, a não ser que você desista ou tenha a má sorte de morrer antes da verdadeira ação começar, você irá encontrar muitos deles.
Antes de saber como interpretar um diabo dos Nove Infernos, mais precisamente de Avernus, a Primeira Camada, é importante saber o que os motiva.
Os Nove Infernos são um dos muitos planos de existência que circundam e compõe a Grande Roda, na Cosmologia de D&D, esse é o que conhecemos por inferno e é o lugar para onde são enviadas as pessoas que tiveram uma vida de práticas malignas ou que apenas não merecem ou não conquistaram o direito de descansar em paz em outro lugar quando a alma abandona o corpo no Plano Material, nesse caso Toril, o mundo do cenário de Forgotten Realms.
Por sua vez, este lugar é subdividido em nove camadas, sendo a primeira camada conhecida como Avernus, habitada por centenas de milhares de diabos e constantemente invadida por demônios que emergem do Abismo, ou plano de existência. À frente dos diabos está Zariel, a Arquiduquesa que governa o lugar com punho de ferro. Abaixo dela segue uma rígida hierarquia admirada e respeitada por aqueles que fazem parte dessas fileiras. A única maneira de estar e ascender nessa hierarquia, para gozar de prestígio e poder, é entregar almas à Zariel. Essa ascensão é muito clara e instantânea, uma alma por uma estrela e essas estrelas contabilizaram postos dentro da Legião, dando plenos poderes aos diabos para comandarem suas próprias tropas na Blood War (Guerra Sangrenta).
Existem várias maneiras dos diabos conseguirem essas almas para Zariel, alguns preferem uma abordagem mais pacífica através de negociatas e contratos, enquanto outros diabos tendem a espreitar e armar ciladas para seus alvos, que na maior parte não estão cientes do perigo.
Ilustrações de Max Dunbar
Diabos dos Nove Infernos são extremamente malignos, não pense que você pode, de repente, fazer amizade com um ou outro, principalmente se você estiver nos seus domínios.
Calculistas, diabos têm diferentes tipos de abordagens, entre elas podemos mencionar uma abordagem mais direta e violenta; insultos ou ameaças; ou sedução e tentação. Quem sabe até mesmo todas essas abordagens juntas.
De fato, cruzar com uma dessas criaturas não é um encontro que você está acostumado a propor para o grupo, como DM, ou dar de cara com um deles por aí, como jogador. Esses monstros têm intelecto apurado, na maioria das vezes, e sempre estarão em busca de uma vantagem, seja ela física, mental ou de outras maneiras sórdidas como influência direta e chantagem.
Entre as Legiões Diabólicas dos Nove Infernos podemos encontrar tipos como os comandantes, diabos extremamente aptos a liderar enxames de diabos contra os demônios. Muitas vezes esses postos na hierarquia de Asmodeus, Mestre Supremo dos Nove Infernos, vêm acompanhado de luxúria e soberba. Diabos como Amnizu são arrogantes e subestimam tudo e a todos até que se prove o contrário. Sua arrogância não impede que sua sagacidade e intelecto estejam sempre em alerta, pois, quando se trata de liderar suas tropas e movimentações táticas, estes são infalíveis. Contudo, nada impede que um Amnizu seja levado para outro caminho enquanto não esteja no campo de batalha. Amnizu, por exemplo, são fanfarrões, e sempre que podem usufruem dos prazeres da carne.
Alguns diabos trazem características e traços de suas vidas pelo plano material. Esses mortais que viveram uma vida de total servidão ao caos e ao mal ressurgem nos Nove Infernos em suas fileiras mais baixas. Muitas vezes, um soldado de um culto que não pregava os dogmas de quem ele servia, mas executava sem questionar as ordens de um clérigo ou líder da seita é um exemplo bem claro. Esses mantém suas convicções e mantém a servidão mesmo após a morte. Isso traz a liberdade de utilizar um NPC que caiu, ou de trazer de volta um inimigo morto em batalha. É uma nova oportunidade, uma revanche ou de reviver uma batalha épica.
A alma transformada no diabo em questão não costuma trazer suas memórias após a morte, mas continua como se suas obrigações permanecessem válidas e pode, muitas vezes, manter algum vestígio de lembranças ou características da vida no Plano Material, como:
Esse tipo de diabo pode preencher lacunas nas fileiras e na história corrente.
Almas caídas são a especialidade dos diabos, mas nem todas as almas que chegam à Avernus tiveram uma vida inteira de servidão ao mal. Algumas dessas almas tiveram pequenos desvios de conduta e até uma visão corrompida dos fatos.
Sim, muitas vezes o ódio momentâneo, o rancor, uma mera desavença pode levar os mortais a atitudes cruéis como a vingança. Uma simples contenda ou um desejo pode arruinar com a vida de alguém, e em sua maioria são cometidas por pessoas de boa índole, padres dedicados e cavaleiros sagrados.
Movidos pelo medo, essas, outrora, boas pessoas invocam ou são seduzidas pelo que é ansiado e pode ser adquirido pelos diabos. Paladinos que firmam contratos em busca de um poder que parece ser permanente são corrompidos e quando deixam seus corpos, suas almas ressurgem no Nove Infernos em versões perversas do que eram em vida, espalhando horror sobre os demônios e visitantes indesejados. Essa versão bizarra traz características de cavaleiros frios, calculistas que preferem lidar com seus iguais, tratando-os com respeito e certa honra que parece real, de maneira a atrair seus alvos através de disputas que tiveram ou são comuns em vida.
A punição não vem apenas pelas atitudes malignas e servidão ao mal, as almas daqueles que se omitem quando poderiam ajudar e fazer a diferença enquanto vivos também são trazidas aos Nove Infernos e rapidamente são levadas ao esquecimento eterno.
Alguns diabos são extremamente covardes, e não os confunda com a cautela que é necessária em Avernus e em outras camadas. Esses vermes tendem a se esconder pelas sombras pouco preocupados com hierarquia. Além disso, eles são ávidos pela própria sobrevivência, se arriscando o mínimo possível ou se unindo a outros iguais para obter algum tipo de vantagem.
Eles são fracos, são a escória dos diabos e são usados, quando pegos, na parte da Legião que serve como carvão para alimentar o fogo e atrasar a horda de demônios enquanto as tropas se deslocam.
Diabos dessa categoria são odiosos, sua abordagem é tímida e não oferecem nada além de pena, porém, em números maiores podem se tornar perigosos e persuasivos. Eles nunca estarão à vista, mas podem ser surpreendidos quando não estão atentos e ou quando ocupam lugares ideais para um repouso – se é que isso é possível no inferno. Rápidos, eles tendem a fugir ao primeiro contato, ou simplesmente irão implorar caso não haja escapatória. Aqueles que os conhecem não perdem tempo, a não ser que queiram apenas se divertir torturando-os até a morte. Entre eles, os mais dispostos podem fornecer dicas e trocar informações. Outros servem como guias, mas seu raciocínio lento pode levar seus mestres para buracos ainda mais profundos.
Dentro das fileiras da Legião existem diabos com senso deturpado sobre suas ações. Alguns diabos, principalmente os comandantes, acreditam que eles são o mal necessário para manter a paz no multiverso.
O ódio pelos demônios é tamanho que eles acreditam que os outros planos deveriam ceder almas para aumentar e sustentar a Legião para o bem de todos. É claro que alguns no Plano Material usam desse artifício em benefício próprio para cometer crimes e arquitetar calamidades sem precedentes.
Esse sentimento que toma conta desses diabos os levam às mais altas patentes da Legião por serem admirados por Zariel, que possui o mesmo sentimento, e por serem determinados e disciplinados no que devem realmente fazer. É possível cruzar com um deles e é fácil detectar seus objetivos por estarem sempre claros e pela forma direta de abordar seus alvos, tentando muitas vezes convencer mortais do alto valor da sua missão.
Diabos de todas as categorias podem portar esse sentimento e na maioria das vezes se sentem ofendidos quando confrontados ou quando são tentados a abandonar esse sonho.
É sabido por todos os diabos que cada um possui apenas uma “chance” no Nove Infernos, cada diabo tem direito a apenas um “sopro de vida” e por isso são cautelosos enquanto estão nas camadas. Sim, uma vez morto em alguma camada dos Nove Infernos o diabo não voltará e cairá no completo esquecimento. Essa é a razão pelo anseio à ascensão na hierarquia da Legião, pois quanto mais poderoso, mais difícil será sua queda, porque ele terá poder e comandados.
Contudo, essa regra não é válida para os outros planos de existência. Por exemplo, diabos mortos no mundo de Toril ressurgem na camada a que pertencem e, se deixaram assuntos pendentes ou se desejarem, podem retornar ao Plano Material após um tempo. Por isso eles são confundidos como imprudentes enquanto maquinam entre os mortais.
Um diabo, estando no Inferno, não arriscará sua vida se não houver uma grande chance de sair vitorioso do embate, aposta, contrato ou qualquer negociata. Mesmo em combate um diabo que usufrua de algum intelecto não se arriscará até a morte, ele tentará fugir ou conseguir outra maneira de se safar.
Bons dados!
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