RPG de mesa

Como criar um cenário de RPG

Como criar um cenário de RPG? Essa é uma pergunta que muitos mestres novatos se fazem. De fato, há muitas formas de se criar um cenário de RPG, e na nossa querida internet há muitas dicas de mestres bastante experientes para lhe ajudar a realizar essa tarefa. Entretanto, criar um método para criar seu cenário de RPG é uma tarefa complicada, e na internet não existem muitas pessoas falando sobre um método sistematizado de criação de cenário.

Nesse artigo eu vou falar sobre o meu método de criação e desenvolvimento de cenário e dar dicas de como fazer isso de uma forma eficiente. Assim, você vai poder criar seu próprio cenário se baseando na minha forma de fazer isso.

Mas criar um cenário de RPG não é nada fácil, e antes de mais nada, você vai precisar de tempo, paciência e muita criatividade para ele ficar realmente bom e completo. Porém, não se assuste! Criar um cenário de RPG não quer dizer que você vai ter de dedicar sua vida toda na criação dele!

É visível que quanto mais tempo você se dedicar para ele melhor ele vai ficar, entretanto RPG é apenas um hobbie e ele deve ser divertido, e não maçante!

1.  Defina o básico

É como dizem por aí: “Não se começa uma casa pelo teto”. Passe um bom tempo desenvolvendo o básico do básico do seu cenário. A grande técnica é fazer para si mesmo perguntas curtas e objetivas sobre o cenário, e ir anotando as respostas em algum lugar. Se ele é um cenário de Fantasia Medieval, se pergunte coisas do tipo:

  • O quão comum é a magia nesse mundo? As pessoas estão acostumadas a ver magos e itens mágicos?
  • Os deuses são muito presentes na vida das pessoas ou não? Eles são imortais? Existem muitos deuses ou poucos?

Outro Exemplo, desta vez, para um cenário futurístico:

  • Ele é um cenário mais cyberpunk ou mais parecido com Star Wars? A tecnologia é acessível a todos ou não? Como está o mundo atual com as novas tecnologias existentes?

Quanto mais tempo você ficar fazendo isso melhor. É óbvio que em algum momento no futuro você vai se deparar com uma coisa que você ainda não definiu no seu cenário e terá de reservar algum tempo fazendo ajustes nesse detalhe, portanto não se preocupe muito em tentar tornar seu cenário bastante complexo logo de cara. Por fim, quando você achar que você já tem uma base boa você pode seguir para o próximo passo.

E o nome?

Bom, você não precisa decidir o nome de seu cenário logo de cara. Se quiser, você pode escolher um nome depois de já ter desenvolvido bastante coisa. Agora como escolher um bom nome de cenário é uma questão que eu não posso responder, mas posso tentar.

Use palavras em outros idiomas – Eu usei essa “técnica” para criar o nome “Evimória” que é como se chama o meu cenário. Evimória é uma alteração da palavra grega “Evimería”, que significa “Prosperidade”. Em outras palavras, tudo o que você deve fazer é alterar uma palavra de outro idioma. A ideia por trás do meu cenário é que ele teria muitas opções de customização de personagem. Eu queria que ele tivesse muito homebrew envolvido, por isso a “prosperidade” entre os habitantes seria muito necessária. Abra o Google Tradutor e vá testando palavras ou mesmo frases curtas em vários idiomas. Quando encontrar algo que você gostar, mude uma letra ou uma sílaba e voilá!

Crie o nome em cima de conceitos chamativos de seu cenário –  Vamos usar o cenário do mestre Vinzaum do canal do Youtube, Game Chinchila. O cenário do Vinzaum se chama “Ferradura”, e o motivo é porque a extensão de terra do cenário tem o formato de uma ferradura. Por isso você também pode tentar criar um elemento único ou chamativo e usar esse elemento como o nome do seu cenário. Além disso, você também pode misturar ambas as dicas, que foi o que eu fiz!

Um óculos por cima de um velho livro com várias imagens de mapas. Fonte Pixabay

2. Dê forma ao seu cenário

Chegou a hora de pôr a mão na massa de verdade! Depois de ter respondido a maioria das questões mais básicas, agora você vai desenvolver melhor essas respostas. Caso seu cenário tenha deuses, você vai ter de criá-los!  Como criar bons deuses para o seu cenário é um assunto para outro dia, mas eu vou mostrar mais ou menos como eu crio os meus ao longo do artigo.

Tudo o que você vai ter de fazer é tornar as suas respostas do passo anterior melhores e passar isso para o papel. Crie os deuses, os planos, as regiões, o mapa e etc. Geralmente os livros de RPG tem um capítulo dando dicas de como criar seu cenário, então ler com cuidado esse capítulo é uma boa. Contudo, você não precisa ficar horas e horas fazendo descrições dos diferentes tipos de terrenos de determinada região ou as diferentes dilatações temporais entre planos. Apenas crie uma base bastante simples e com o tempo, desenvolva ela melhor.

3. Crie o ponto de partida

O próximo passo é criar uma cidade ou vila para ser o ponto de partida principal para a maioria de suas aventuras. Uma dica é começar por uma vila ou uma cidade mais pequena que o normal, pois ela será mais simples de se criar. Depois que você criar a primeira cidade ou vila, crie a segunda, a terceira, a quarta…até que você tenha uma estado, e posteriormente, um país! Enfim, caso queira dicas de como criar uma cidade, é só ler esse artigo que escrevi sobre como criar uma cidade de RPG.

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Acesse o artigo “Como criar uma cidade de RPG” aqui

4. Deixando seu cenário cada vez mais completo

Agora vem um momento complicado. Seu cenário nesse ponto já é um cenário “jogável”,  apesar de bem raso. Caso você já queira jogar com ele, deixe claro para os jogadores que você criou ele a pouco tempo para não ter problemas no futuro. 

Agora, como tornar ele com cada vez mais conteúdo depende totalmente de você. Eu mesmo nem sei o que eu comecei a criar depois de já ter um número satisfatório de cidades criadas, apenas fui criando, criando e criando até ter bastante coisa maneira escrita!

Para tentar te ajudar, eu vou explicar como atualmente está o meu cenário no OneNote. O OneNote é um programa da microsoft para anotações, mas muitos mestres usam ele para escreverem sobre seus cenários, como eu e o próprio Vinzaum!

Uma casa de Hobbit na Nova Zelândia. Fonte Pixabay

O Meu Método:

  • Evimória – Nessa aba eu descrevo a história do cenário, tais como eventos históricos, o calendário do cenário, datas comemorativas, o multiverso…
  • Raças – Nessa aba eu falo sobre a história de cada raça, regiões onde elas moram, principais cidades,  sua cultura,  suas peculiaridades…
  • Deuses – Nessa aba eu listo e falo previamente de todos os deuses do meu cenário, sejam deuses maiores ou semideuses. Também explico como funcionam as classificações de deuses (deuses maiores, menores e etc) e outras informações sobre a religião. Eu os descrevo da seguinte forma:
  • Classificação – Se é um deus maior, menor, um semideus e etc
  • Alinhamento – Qual o alinhamento do deus (o alinhamento do deus não precisa corresponder ao alinhamento do personagem)
  • Símbolo – Como é o símbolo de cada deus e suas variações regionais
  • Aparência – Como é a aparência dele é retratada e como é a aparência real dele
  • Plano – De qual plano esse deus é correspondente
  • Princípios – Uma lista de três frases curtas que são os princípios desse deus que devem ser seguidos o máximo possível por seus devotos.
  • Regiões – Aqui eu listo e explico como são as “regiões” de Evimória. As regiões no meu cenário são como um grande país no deserto, ou um território com temática de faroeste no sul de um continente. São como estados ou países
  • Cidades – Aqui é onde eu registro tudo sobre todas as cidades, sejam vilas ou cidades muito grandes. Além disso também escrevo sobre a cultura, os governantes, principais tabernas e lojas…
  • “As Maravilhas” – As maravilhas são como as 7 maravilhas do nosso mundo real. Por exemplo, em algumas cidades que eu crio, eu invento alguma construção especial e nessa aba eu desenvolvo o background dessa construção melhor, criando uma história, explico ela visualmente de uma forma mais detalhada e por aí vai.

Facções, Empresas e Guildas

Essa é um dos meus grandes orgulhos. Aqui eu falo sobre facções criminosas famosas, empresas e guildas importantes. Para explicar melhor o que significam essas coisas no meu cenário, eu irei exemplificar:

Duques Venenosos (Facção) – Uma organização de assassinos que tem um pouco de sangue Yuan-Ti em suas veias. Usam técnicas de monge misturados com venenos mágicos para executar seus inimigos rapidamente.

Kobold Solution (Empresa) – Um grupo de kobolds que são contratados por grandes cidades (principalmente cidades com algum tipo de tecnologia industrial) para recolher o lixo destas cidades, como metais, restos de comidas e até mesmo fazem serviços de saneamento (os gnomos ainda não inventaram o vaso sanitário).

Guardiões da Ventania (Guilda) – Uma espécie de centro de treino de samurais que utilizam espadas capazes de manipular o ar para criarem poderosos tornados. Esses guerreiros são treinados desde crianças e não são aceitos novos alunos que já tem uma idade mais avançada. Eles atuam como uma força especial em todo o planeta, principalmente quando há alguma ameaça aérea, mas também podem ser chamados para resolver problemas em grandes cidades. E sim para os jogadores do meu cenário, eu me inspirei no Yasuo do League of Legends para criar essa guilda.

Conclusão

Criar um cenário é uma das coisas mais maneiras que o mestre pode fazer. Da mesma forma que você aprende muito sobre outras culturas, você desenvolve sua criatividade e torna suas mesas mais divertidas!

Agora que você já tem uma ideia de como criar um cenário, é só sentar em algum lugar confortável, pegar um caderno em branco ou um computador com um programa de texto e deixar sua mente trabalhar para criar mesas cada vez mais criativas para você e seus jogadores!

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Andrei Serafim

Mestre de RPG e um leitor árduo de Sherlock Holmes. Ah, eu também toco piano e escrevo uns poemas de vez em quando.

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