Olá jovens! Estamos de volta com a segunda parte do artigo sobre guerreiros e hoje vamos nos focar na construção dos guerreiros, de suas aventuras de RPG e narrativas fantásticas, adentrando em um conjunto de características e aspectos que podem formar um personagem único e marcante no seu cenário de campanha. No artigo anterior vimos vários tipos de guerreiros, bem como alguns exemplos de grupo e ordens de guerreiros com diferentes orientações, e todos eles têm algo em comum que é a sua habilidade de lutar com armas, enquanto um bárbaro tem a opção de agir de modo tático ou usar técnicas treinadas ele ainda depende mais de sua própria força e astúcia para se impor perante seus inimigos.
O guerreiro por sua vez conta com técnicas de luta praticadas a exaustão para combater os inimigos e contra-atacar de maneira adequada, podendo dedicar seus esforços a uma única arma até se tornar um mestre, ou seguir o caminho de um autodidata treinando diferentes estilos para surpreender seu inimigo, tornando-se o um lutador mais versátil. O que nos leva ao…
“A força de um guerreiro se encontra em sua frieza, destaque os seus talentos,
oculte suas fraquezas.”
Um dos aspectos mais importantes e interessantes da vida de um guerreiro, mas que é frequentemente ignorado pelos mestres e jogadores, sendo que ele determina como ele adquiriu suas habilidades e como ele as mantém. Uma vez que ele pode continuar treinando para conservar suas capacidades, refiná-las ou então adquirir novas habilidades em suas jornadas.
Além disso o treinamento, independentemente de suas peculiaridades, visa o aperfeiçoamento pessoal e o desenvolvimento de certas habilidades, dentre as quais podemos listar de maneira geral:
- Condicionamento físico;
- Técnica de combate e manejo de armas;
- Estratégia e formações de batalha;
- Manejo e manutenção de equipamentos.
Um dos objetivos do treinamento é levar o guerreiro a conhecer e expandir seus limites físicos e mentais e ter o domínio de suas emoções, mantendo o pensamento tático mesmo sob pressão. Nesse sentido o guerreiro é um combatente racional enquanto o bárbaro é passional. Esse não é um elemento essencial, contudo, a especialização, predileção ou vínculo com uma determinada arma ou armadura acrescenta uma nova camada de interpretação ao personagem (Trevor Belmont e o seu chicote que o digam!). O Treinamento também é responsável por moldar o psicológico do guerreiro, podendo ajudar a superar e lidar com seus traumas ou agravá-los, quando não criar outros – o que é dramaticamente interessante de se fazer –, de modo que um treinamento muito extremo deixará marcas físicas e psicológicas profundas no guerreiro (Guts, não esqueci de você).
O que também pode levá-lo a seguir rigidamente um código ou seguir uma série de princípios de conduta para suas ações, podendo ser impostos a ele ou uma questão pessoal desenvolvida por suas experiências passadas. A figura do rival costuma surgir também nesse período de aprendizagem do personagem, embora ele possa existir previamente ou posteriormente a esse momento, e acrescenta muito na construção do personagem, sendo um elemento tipicamente marcial, uma vez que essa disputa pode impulsionar o personagem a progredir (Naruto e Sasuke). Vale lembrar que uma rivalidade não necessariamente estabelece uma inimizade (Narsus e Darium, Asta e Yuno, são bons exemplos). Algumas perguntas que podem ajudar a desenvolver melhor os aspectos do treinamento.
- Onde e como ele foi treinado?
- Quem o treinou?
- Ele teve um mentor?
- Quais os sacrifícios que ele fez?
- Quais as características – vantagens e desvantagens – de seu treino?
- Onde obteve suas armas e armadura?
- O que te diferencia dos demais guerreiros?
Características importantes do personagem são determinadas aqui, algumas com
grande peso na narrativa dele e dos personagens que o cercam, como:
- Hábitos e vícios;
- Más ou boas companhias;
- Revolta Social ou Política;
- Personalidade mais, ou menos, agressiva;
- O caráter e o tipo de aliado que ele possui;
- Características de seu modo de lutar (experiência, disciplina e as técnicas usadas);
“Qualquer tolo pode ter coragem, mas honra é a verdadeira razão para agir, é
quem você é, e talvez quem você quer ser.”
“Faça ou não faça, tentativa não há.”
Mestre Yoda
O treinamento do guerreiro nem sempre está atrelado a figura de um mentor, contudo ela é um aspecto muito interessante de ser desenvolvido. Seja um indivíduo ou uma instituição o mentor desempenha um papel importante na construção do que guerreiro, sendo ele o detentor dos conhecimentos que o personagem vai obter e o responsável or moldá-lo e até mesmo condicioná-lo como lutador. Podendo ser uma figura: Paternal e Sábia ou um mestre Abusivo e Violento. Luke Skywalker, Príncipe Zuko, Ikki de Fênix e Beatrix Kiddo são exemplos de guerreiros marcados pelos mentores que tiveram, seja para o bem ou para o mal.
“Já sobrevivi ao que há de pior e agora o pior sou eu.”
formação de um guerreiro se dá, em grande parte, na decisão em seguir esse caminho, trabalhe motivações consistentes, importante lembrar que esta é uma parte importante do passado do personagem (o famoso background). Atente-se para o fato de que a motivação pode estar diretamente relacionada aos objetivos e metas que ele deseja alcançar ou podem ser eventos de seu passado que o impelem a se dedicar ao seu aprendizado. Nesse momento que o passado do personagem tem mais relevância, impactando diretamente em sua determinação. Questões como vingança, tradição, redenção ou um ideal, são algumas das motivações mais comuns e abrangentes, mas aqui o céu é o limite. As motivações são inúmeras e atreladas a um sem-número de fatores psicológicos, sociais, culturais e políticos, mas para ilustrar eis o exemplo de duas motivações e como elas podem ser usadas:
Sobrevivência: aprender a lutar foi uma alternativa para que você pudesse viver
mais um dia
- Se associar a criminosos – roubar;
- Seu povo está em guerra há muito tempo;
- Caçar – o caminho do caçador pode desenvolver todas as suas habilidades;
- Já foi um escravo ou gladiador;
- Um salteador ou ladrão de caravanas nas estradas;
- Se uniu a um grupo de mercenários para não morrer de fome após a guerra devastar sua aldeia.;
Ascensão social: aprender a lutar era única forma que você encontrou de deixar a
miséria de sua vida anterior para trás.
- Camponês recrutado compulsoriamente, ou não, para o exército do um nobre ou do rei;
- Alistado voluntariamente no exército durante uma guerra;
- Apadrinhado ou associado a um grande chefão do crime;
- Herdeiro de uma família ou clã menor que busca elevar o prestígio da mesma;
- Membro de um clã ou família desonrado que busca restaurar a honra perdida;
- Idealista que se uniu as forças armadas a fim de mudar o sistema de dentro para fora.
“Tenham medo, por que EU estou aqui!”
Todos sabemos bem que a guerra e a morte deixam um sem-número de marcas psicológicas em diferentes indivíduos, o que pode ser muito útil para acrescentar mais camadas dramáticas na narrativa e enriquecer o seu personagem. Essa é uma abordagem completamente opcional, que está diretamente ligada ao foco que se pretende dar na narrativa, bem como o cenário e o gênero literário com o qual se está trabalhando. Cinco questionamentos que podem ajudar a desenvolver esse aspecto.
- Ele viu ou cometeu atrocidades na guerra?
- Foi obrigado a cumprir ordens cruéis que ele não concordava?
- Ele perdeu amigos ou entes queridos?
- Teve seus ideias e convicções abalados pelo conflito?
- Foi ferido gravemente?
Pesadelos, psicopatia, hiper vigilância, paranoia, deformidades físicas ou mesmo uma hostilidade social são algumas das cicatrizes mentais que um personagem pode ter. Aqui cabe uma consulta a um livro de psicologia ou algum documentário sobre traumas de guerra caso haja interesse.
Como eu havia dito no artigo anterior o arquétipo do guerreiro é o mais diversificado e universal das narrativas de ficção e dos RPGs, estando presente em praticamente todos os jogos e mídias que conhecemos, afinal todo mundo
precisa daquele cara que resolve os problemas quando o outro lado perde o bom senso, não?
Esse é um tema tão vasto que inevitavelmente certos aspectos ficarão de lado aqui nesse artigo, a guerra e aqueles que as lutam são tão variados quanto os povos que habitam a terra e o seu mundo fantástico, de modo que não há muito mais do que eu possa fazer aqui além de recomendar uma ou duas obras literárias que podem complementar as ideias supracitadas, como a série Companhia Negra, a série O Conquistador, Crônicas Saxônicas, O Espadachim de Carvão e, o mais recente, Santo Guerreiro: Roma Invicta, do aclamado Eduardo Spohr.
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